Era uma vez uma criança, gerada com muito amor desde o ventre. Nasceu e foi recebida com muita alegria, no colo do papai e da mamãe, crescia e fazia a felicidade de toda a família, que o levantavam bem alto, só para ouvir suas gargalhadas.
O menino aprendeu a andar, a falar e foi ficando tão esperto e curioso, que logo pensaram em levá-lo para escola. Quando ele conheceu sua professora, foi uma mistura de amor e medo e aos poucos o amor, foi lançando fora o medo porque ela mostrou a ele, que aqueles desenhos que emitiam sons, se chamavam letras e que colando letra com letra, nasciam silabas e silabas com silabas,inventavam palavras e como ele amou as palavras. O dia que aprendeu a ler foi até engraçado, pois tudo que via lia e tudo o que via lhe despertava curiosidade, parecia que seus olhos tinham se aberto para um novo mundo e virou um inventor de perguntas.
Um dia o menino curioso começou a olhar o céu, percebeu que os passarinhos tão pequenos, voavam no infinito e até mesmo as borboletas tão frágeis, conseguiam subir bem alto. Quis saber mais, e então começou a ler sobre como voar, descobriu que um brasileiro chamado Santos Dumont, inventou uma maquina de imitar pássaro, e que de lá pra cá, aquele passarinho gigante, carrega gente por todo lado._Como são inteligentes esses inventores!Dizia ele.
Um dia o menino, agora já um adolescente impetuoso, começou a observar a terra e percebeu que os homens tão pequenos, faziam grandes construções e por se cansarem de morar em cabanas e grutas , começaram a construir casas para se proteger do calor e do frio . Quis saber mais e então começou a ler sobre construções e descobriu que outro brasileiro, chamado Oscar Niemayer inventou uma cidade para imitar avião, e de lá pra cá aquela cidade se chama Brasília._Como são inteligentes esses inventores!Dizia ele.
Foi crescendo e como um jovem sonhador, começou a observar o mar e percebeu que os homens tão pequenos ,fizeram grandes embarcações.e se cansaram de ficar em terra firme e se lançaram no mar, para conquistar outros lugares e já havia lido sobre Pedro Álvares Cabral descobridor, dessa terra chamada Brasil que de lá pra cá se tornou o berço de grandes inventores, que inventaram ,que imita pássaro e cidade que imita avião.E tantas outras coisas, que tem chamado a atenção de todo o mundo._Como são inteligentes esses brasileiros!Dizia ele.
Depois de anos de tantas invenções, inventou uma complicada pergunta : _ Quem foi que inventou o inventor? Buscou em diversos livros tal resposta, mas não encontrou nada que preenchesse aquele vazio, ,maior que a terra o mar e o céu juntos. Até que teve coragem de ler um certo Livro, esquecido na estante ,Livro que de tão antigo ele achou não ser de tanta importância, para alguém tão jovem como ele.Foi quando leu o inicio do Livro,e estava escrito:“No principio criou Deus os céus e a terra...”, leu do inicio até o final, ele viu que a terra sem forma e vazia foi se enchendo de vida, como um quadro, nas mãos do artista , cada dia revelando a peça, para uma grande invenção e no sexto dia a maior de todas foi feita , o inventor do mundo, quis misturar terra com mar , e do barro fez o homem e uniu o céu nele , soprando em suas narinas o fôlego de vida celeste .
Naquele dia ele voltou a ser menino, percebeu que aquele Livro era um tesouro, escondeu em seu coração, e egoísta chegou a pensar em não contar a mais ninguém, sobre sua grande descoberta. O Livro que ele podia segurar com suas mãos se mostrou tão grande, e não coube dentro dele, foi assim que ele começou a falar para todos, do grande Livro, ele viu ali o começo de tudo o meio e o fim, viu o passado, presente e o mais extraordinário, viu o futuro, o ontem , hoje e o amanha em uma só obra, que no mesmo tempo que é uma, se mostra uma biblioteca inteira .Ele estudou muitos anos para saber o que faria pelo resto de sua vida. Logo seria um homem e precisava escolher uma profissão, apaixonado pelo céu, pensou em ser aviador, fascinado pela terra pensou em ser construtor,admirando o mar também queria ser navegador. O que seria, se não, se contentava com pouco, sempre querendo aprender mais .O que ele mais queria é ser um eterno aluno, E então se tornou um professor!.Pois toda vez que de sua classe saia um médico, seria médico, se um advogado, seria advogado, piloto, astronauta,jogador de futebol, enfermeiro ,motorista, construtor ,arquiteto, engenheiro... O homem que não se contentava com pouco, percebeu que sendo um pouco em cada um, seria tudo o que sonhou.
Numa manhã , o já velho professor, assentou-se em sua cadeira de balanço, como um barco no oceano se balançou ,colocou as tremulas mãos no rosto e percebeu que o tempo, havia lhe dado ondas como as do mar em sua face . Olhou para seu jardim e viu netos e bisnetos correndo sujos de terra, pelo gramado verde e umido , sorrindo olhou para céu, viu pássaros voando ao longe, meio que embaçado pela visão já turva, mas o coração estava alegre pela certeza de uma vida feliz , foi tudo o que queria ser, teve tudo que precisava ter, e amou tudo o que conquistou. Pensou em sua família, amigos,alunos, professores, e via cada rosto, como se estivesse admirando, uma galeria de fotos em suas lembranças, alguns rostos viu envelhecer, outros foram emoldurados precocemente estes nunca envelheceram, outros tão queridos acabará de conhecer. Os pequeninos, os já crescidos foi ele vendo um a um, mas no fim da galeria, uma moldura estava vazia, faltava uma única foto, naquela moldura dourada e isolada das demais, uma pessoa que ele tanto queria ver, depois de longas conversas e de ter vivido em sua companhia por tanto tempo, o qual sempre desejou ver face a face.
Pensando nisso, o seu coração cansado e envelhecido, começou a bater forte como de um homem em tenra idade, o coração forte, bateu sonhador, como de um jovem, e depois impetuoso como de um adolescente, para logo então pulsar, curioso como o coração de uma criança, foi batendo apreçado e puro como de um feto e depois como o coração divinal de um embrião vibrava e simplesmente, parou de bater.Os olhos fechados, mãos caídas no colo, já não respirava mais. Então abriu os olhos outra vez, e na galeria de lembranças, já não faltava ninguém, estava ele como uma criança nos braços paternos, do Inventor dos inventores.
Por Amélia Rodrigues, para a classe da professora Rosemeire, minha professora de 2ª serie e vinte anos depois professora do meu Filho Hállycer .